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Chegamos a dois milênios e duas décadas

2020 chega, e com ele, novas histórias para contar

Olhar para o céu enquanto todos contam os dez segundos finais para o ano de 2019 é algo extremamente novo e nostálgico ao mesmo tempo. Tantos acontecimentos ganharam vida nesses 365 dias atrás, que ver esse período ter a página virada, é sim, um pouco triste. O ano passou, entrou para a História. Daqui a algum tempo, muitas tramas de 2019 entrarão para os livros escolares, fictícios. E também existem as memórias pessoais de cada um.

Na comemoração, antes dos fogos de artifício explodirem no céu, é bonito ver o conjunto de várias cores presentes nas roupas. Alguns convidados levaram as superstições a sério. Será que no réveillon passado eles vestiram as mesmas cores e conseguiram o propósito desejado? Azul para saúde, amarelo para riqueza, vermelho para amor, branco para paz. Se um simples gesto conseguiu convencer 2019 de ser bom, eu poderia me revestir de paz sempre.

O ano, por outro lado, pareceu pregar peças em muita gente. Quando a meia-noite chegou, será que passou um filme na cabeça de cada um que comemorava o parto de 2020? Cretino 2019, você magoou um bocado de pessoas, tomou a sanidade de muitas delas, tomou a vida de seres queridos. Na minha mente, sendo sincera, não rodou filme nenhum. Acho que o aperto no coração não deixou meu cérebro trabalhar direito. Tanto aconteceu nesses 365 doces e malditos dias atrás…

No lado mais social, muito se mostrou potente. Mortes, balas perdidas, assassinatos, estupros, abandonos, genocídios, bombas, guerras, fake news, uns políticos idiotas, homens e mulheres ignorantes gritando com quem quer que fosse, pedofilia, reprovações, xenofobia, preconceito, racismo, homofobia, machismo, intolerância, subestimação, enterros, doenças, lágrimas, desespero, dor, julgamentos em excesso, problematização em excesso, falta de empatia, violência…

Mesmo com tantas desgraçadas, 2019 também teve pontos positivos. A balança do que foi bom e ruim pesa para um dos lados de acordo com o sujeito. Sorrisos, abraços, amores, beijos, paixões novas, ex-paixões indo embora, músicas novas, filmes novos, histórias novas, gargalhadas renovadas, pessoas novas, amigos novos, lugares novos, experiências novas, artistas novos, sinceridade, amor, saúde, animais sãos e salvos, adoções cheias amor, o descobrimento sobre si mesmo, pazes, ajudas, danças, saídas, baladas, lanches, doces… Seria injusto falar mal de 2019 e destacar somente o lado ruim dele. Pode ter sido terrível para muitas pessoas, mas algo positivo também deve ter reinado nesses 12 meses.

Vários assuntos podem ser falados sobre o fim de 2019, como o não atingimento de metas, afastamento de pessoas, descobertas desagradáveis e dolorosas de doenças, descobertas agradáveis ou desesperadoras de gravidez, partos e novas vidas no planeta… Há muito o que comentar, mas uma delas ganha um espaço gigantesco por ser altamente e insuportavelmente dolorosa. Sim, meu caro, é o adeus.

Depois de desejarem feliz ano novo, as pessoas se abraçaram e desejaram os melhores sentimentos àqueles com quem compartilharam o calor corporal. Eu fiz o mesmo. No réveillon anterior, outras pessoas se abraçaram e não fizeram ideia de que aquele abraço era o último de feliz ano novo que ela daria. É triste pensar dessa maneira, de que um dia de comemoração também é um dia de dor para muitos familiares. Tanta gente se foi, partiu, teve a história finalizada, descansada. Ao mesmo tempo em que 2019 acabou, se disse finalizado, ele deixou junto, ao ladinho dele, muitas e muitas vidas. É sufocante.

As maneiras de ver os finais de ano são variadas. Existem aqueles que sofrem pela perda ou por motivos que são sofrimento para eles; pessoas que comemoram por estarem felizes e cheias de alegria para dar; pessoas que não comemoram nada e acreditam que esse tipo de festa é só uma maneira de gastar dinheiro; pessoas que nem sabem o que está acontecendo…  

Eu comemorei do jeito que podia, cheia de nostalgia e lamento por não ter feito o que eu tinha planejado para 2019. Tantos trabalhos não realizados, lugares não visitados, páginas não escritas, aventuras guardadas apenas no livro de hipóteses… Ao me observar escrever isso, percebo a criatura fútil que sou.

Na verdade, só tenho o que agradecer. E como. Nossa, só tenho a dizer obrigada.

Depois de todos irem embora, o melhor a se fazer nesse tipo de comemoração é lotar 2020 de expectativas, para quando o final dele chegar e vier o novo réveillon, lamentarmos por não termos cumprido com as metas; mas, ao mesmo tempo, perceber que tivemos muita sorte por estarmos vivos para reclamar do não cumprimento dessas metas.

Feliz 2020.

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