“Eles (os vilões) mostram nas telas características que todos nós temos e tentamos constantemente esconder. Todos guardamos sensações bárbaras para nós mesmos, mas, quando vemos a externalização delas em outras pessoas, tendemos a criar um certo nível de conexão.”
Filipe Rodrigues, em publicação para o jornal Tenho Mais Discos que Amigos.

A vontade de fazer este post se deu depois de ver comentários em algumas redes sociais a respeito do papel do vilão em uma história. É um post direcionado ao Darkling, mas ao mesmo tempo, para várias outras tramas em que o antagonista ganha protagonismo exorbitante e, consequentemente, faz muitos fãs.
Esse amor torto é bastante comum, gostar de um livro ou série ou novela e ter apreço maior pelo lado dos vilões. E essa preferência não o torna em uma alguém ruim. As pessoas parecem ter medo de serem a favor do time vilanesco. Ao pesquisar para a produção deste post, até mesmo uma página de perguntas tinha esse assunto como foco:


Que o amor por vilões é uma realidade, já é entendido. O Darkling, criação da escritora Leigh Bardugo, por exemplo, é um personagem bastante complexo, muito cativante e aclamado por vários leitores. Agora, por que isso acontece?
De acordo com o post de Danilo Novais, do jornal New Order, existem algumas características em comum dos vilões que conquistam muita gente: a humanização da vilania; o alívio de desejos sórdidos pessoais na ficção (o vilão às vezes toma atitudes que já pensamos em tomar, mesmo não sendo éticas); a atração exercida pelos bad boys é bem forte, afinal, é uma questão já cultural.
O caso do Darkling
Os motivos citados por Danilo Novais podem, facilmente, ser encaixados na história de Aleksander Morozova, e talvez isso explique o porquê de tantos leitores gostarem dele.
1. A humanização da vilania
O Darkling, por mais sádico e egoísta que seja, teve um passado como jovem, antes de ser transformado no monstro que é. Ele não gosta de se lembrar de quem era, e nem mesmo revelar o próprio nome para Alina foi fácil. Bardugo trabalhou com esse tópico aos poucos, mostrando um pouquinho do Aleksander ao longo dos três livros, como se, ao meio de tanta maldade, uma gotinha de humanidade ainda vivia nele. O desejo de redenção desse vilão deve ter tomado muitos leitores
2. O alívio de desejos sórdidos pessoais na ficção
Esse tópico se diz respeito ao desejo pessoal de cada um de realizar alguma ação imoral tomada pelo vilão, sendo que na vida real, se isso acontecesse, as consequências seriam regidas pela lei, enquanto na ficção, a conclusão do acontecimento fica por conta do autor. Entre as maldades cometidas por Aleksander, as ações de desejo pessoal que poderiam ser nutridas variam de leitor para leitor. Eu, no caso, não gostaria de repetir nada do que ele fez, pois tudo é muito pesado e sangrento. Acredito que o mais fascina nesse tópico, é a imagem do Darkling; no mundo de Bardugo, ele é um homem influente, e as ações que ele toma, o tornam em alguém temido, respeitado.
3. A atração exercida pelos bad boys
O Darkling é um bad boy. Ele é um homem respeitado, não tem misericórdia e assusta muitos os moradores de Ravka. Além disso, também fica muito visível a atração que ele exerce. Bardugo deixa bem claro nos três livros que Aleksander possui beleza e charme extremos, e que é bastante desejado devido a esses artefatos e pela postura séria. Se os personagens do livro se sentem atraídos pelo Darkling, é difícil os leitores não sentirem o mesmo (mas acontece).
Mas não é tão assim…
O Darkling é um personagem bastante famoso de Bardugo. Ele é o preferido de muitos leitores, porém, generalizar essa opinião é um erro. Em pesquisas pela internet, algumas opiniões negativas a respeito desse vilão são baseadas no envolvimento dele com a Alina, uma garota de 16 anos. Por ser imortal, seria esse um caso de pedofilia? O Darkling é um homem centenário para ficar com uma adolescente. Além disso, muitas pessoas tocam no ponto de que o relacionamento desenvolvido pelos dois é tóxico, abusivo. Isso é verdade, afinal, Aleksander é um cara mau, cheio de poder e que deseja ainda mais, e Alina, a pessoa que pode dar isso a ele.
Porém, saindo desse lado negativo, também é notável sentimentos bons e verdadeiros no relacionamento dessa dupla. Ela poderia ser a pessoa que traria a paz ao coração de Aleksander, porém, Bardugo escolheu o outro caminho. A dinâmica deles foi muito bem construída pela escritora, então, mesmo com esses problemas, os dois como casal não parece esquisito. Primeiramente, tem-se a opção de redenção, e também, a opção de Alina se render ao lado cruel do Darkling – seria um plot twist fortíssimo. Imaginem?
Enfim, qual é a sua opinião sobre o Darkling? E o relacionamento com a Alina? Foi verdadeiro?
Post maravilhoso!! Acho o Darkling um bad boy extremamente cativante enquanto mantém aquela farsa dele com a Alina de menino misterioso, mas bonzinho. E no livro ele é mais cativante ainda pelo maior desenvolvimento da história. Eu relamente me apaixonei por ele. Claro que depois que ele se revela o vilão, impossível torcer para ele e a Alina ficarem juntos, mas admito que desejei muito que ele não fosse vilão, porque a química entre os 2 é inegável e muito bem feita. Ainda estou terminando o primeiro livro, mas espero que a autora crie um bom clima para a Alina e para o Maly, porque até agora eles parecem bem melhores amigos haha. Se isso não acontecer, vou ficar muito frustrada por achar que ela combina bem mais com o vilão kkkkkkk Eu não sabia que a Alina tinha 16 anos e essa descoberta me deixou um pouco perturbada, porque desse jeito o relacionamento entre ela e o Darkiling fica realmente esquisito. Um cara com 120 anos com uma menina de 16? Nem pensar. Mas ainda bem que eu prefiro sempre imaginar as protagonistas literárias mais velhas, porque me perturba e me incomoda muito nos livros essas protagonistas de 16 anos com maturidade de 23, salvando o mundo e tendo cenas altamente picantes com caras mais velhos.
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Olá, Eyre!
Eu concordo com tudo o que você disse. Sou completamente apaixonada pelo Darkling do jeitinho que ele é. As pessoas parecem ter medo de gostar de vilões, mas em livros, não vejo problema algum. Ele é muito mais interessante que muitos mocinhos por aí, então realmente não me sinto culpada. Além disso, a dinâmica entre ele e a Alina é muito legal, bem escrita.
Também acho super estranho essas autoras colocando adolescentes como protagonistas femininas. A Alina é muito nova para tudo o que ela passou, e sinceramente, desconsidero que ela tem essa idade. De verdade, que menina de 16 anos ia ter a maturidade de Alina? E que homem centenário iria se interessar assim por uma garota tão nova e inexperiente? Não gosto dessa ideia, então na minha cabeça Alina é uma mulher de 25 anos e ponto! O bizarro é que essas idades de 15, 16 e 17 são as mais utilizadas nesses tipos de livros de fantasia e eu não entendo o motivo. Coloca uns 22, 23, poxa!
Enfim, desejo a você uma ótima leitura! Abraços.
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