“Ela aprendeu a ler sozinha porque ela lia tudo.”
– Vera Eunice sobre a mãe, Carolina de Jesus – em uma entrevista para a Rede TVT.
Uma personalidade importante para a literatura brasileira, sendo uma mulher inteligentíssima, crítica e poética, é a escritora Carolina Maria de Jesus, autora da clássica obra Quarto de Despejo.
“A literatura dela é bastante singular. Ela é um marco também na literatura brasileira porque ela foi a primeira mulher negra, pobre e favelada a ser publicada no Brasil.”
– Raffaella Fernandez, pesquisadora do IEL UNICAMP, sobre Carolina de Jesus – em uma entrevista para o Canal Futura.
Nascida em Minas Gerais, no dia 14 de março de 1914, Carolina tem uma história de superação bastante inspiradora. Desde muito pequena, ela passava por momentos difíceis, sendo maltratada na infância. Ela tinha 7 anos quando foi para a escola pela primeira vez.
“Com a minha mãe era assim: passava-se fome mas não deixava de estudar.”
– Vera Eunice sobre a mãe, Carolina de Jesus – em uma entrevista para a Rede TVT.
Após a morte da mãe, em 1937, ela se mudou para São Paulo, na favela do Canindé. Grávida na época, Carolina não se viu impedida de trabalhar, construindo a própria casa com materiais como madeira e papelão, e ganhando dinheiro ao coletar papel. Com o tempo, ela passou a escrever sobre as vivências dela nas folhas que encontrava. Ela relatava sobre como era viver na favela, a vida dos moradores e questões sociais de lá.
De acordo com o portal Centenários Negros, nesses relatos, Carolina escrevia sobre “como a pobreza e o desespero podem levar pessoas boas a trair seus princípios simplesmente para assim conseguir comida para si e suas famílias”. Só de imaginar viver uma realidade dessas, é bastante triste, não é?
“Uma força narrativa muito grande, e a capacidade de interpretar, de criar imagens. Ela nos diz coisas que não seriam simplesmente um narrar, mas seriam muito mais do que isso. Ela narra, interpreta e tira as conclusões dela .”
– Audálio Dantas, jornalista e escritor – em uma entrevista para o Canal Futura.
Os registros de Carolina foram descobertos pelo jornalista Audálio Dantas, que foi uma ponte entre ela e o mercado editorial. Consequentemente, com o talento reconhecido, as histórias dela se transformaram no livro Quarto de Despejo – Diário de Uma Favelada, o qual foi publicado em agosto de 1960. Ele fez muito sucesso: os primeiros 10 mil exemplares se esgotaram em apenas uma semana!
E a fama daquela obra não parou por aí. O site Galileu informa que Quarto de Despejo foi traduzido para 16 idiomas e se tornou um best-seller na América do Norte e Europa, sendo vendido para 40 países.
Após a publicação de Quarto de Despejo, a autora se mudou para um bairro de classe média em São Paulo, chamado Santana. Em 1961, ela publicou Casa de Alvenaria e lançou o álbum Disco Carolina Maria de Jesus – Cantando suas composições. Confira essa obra, que como diz o nome, foi escrita por Carolina e cantada pela própria:
Em 1963, ela lançou os livros Pedaços de Fome e Provérbios. No ano de 1969, ela se mudou para Parelheiros, local aonde viveu até o dia do falecimento. O livro póstumo dela, publicado em 1986, é o Diário de Bitita.
Segundo a Wikipédia, Carolina nunca se casou. Ela teve três filhos, Vera Eunice de Jesus Lima, João José de Jesus, José Carlos de Jesus. Assista ao vídeo abaixo, em que Vera Eunice conta um pouco sobre a mãe:
E se quiser saber ainda mais sobre essa pessoa tão importante para a literatura brasileira, assista a reportagem que o Canal Futura realizou em 2015:
Carolina inspirou escritores e foi protagonista de várias biografias. A mais atual é A vida escrita de Carolina Maria de Jesus, de Elzira Divina Perpétua, publicada em 2014 pela editora Nandyala.