Ninguém poderia imaginar que 2020 seria um ano em que terra cobriria tantos corações. Quem imaginaria uma coisa dessas?
Em janeiro tive a oportunidade de fazer uma viagem para o exterior, e enquanto eu e meus pais andávamos iguais a pintos no lixo de metrô a metrô nos túneis de Nova Iorque, eu lia as notícias de casa. Em janeiro a realidade que se fez rotineira nos meses posteriores parecia uma situação de filme.
— Na China aquele tal vírus já matou mais pessoas — eu costumava noticiar.
— Não vai chegar no Brasil — mamãe sempre me respondia com essa certeza.
Olhando para trás, agora, ainda não consigo acreditar em como tudo aconteceu. A palavra quarentena, para mim, era algo que só existia em filmes com temas apocalípticos. Nunca pensei que viveria isso, que presenciaria um momento histórico, que ficará guardado e marcado nos livros de História. A ficha ainda não caiu completamente, não consigo me conformar com a quantidade de pessoas que perderam a vida por conta desse vírus maldito. Um vírus que não escolhe padrão para atacar. É gente jovem, idosa, doente, saudável… Alguns adoecem e sofrem com sintomas horríveis, outros ficam infectados mas não sentem. É um vírus instável, imprevisível.
Sinceramente, não sei o que dizer.
Não comemorei a virada de ano, mas sou muito grata por estar aqui, saud´´avel. Ao mesmo tempo, sinto muita tristeza pela onda de morte que presenciamos diariamente.
Não tenho muito o que dizer neste post. Falar sobre indignação não basta, expressar minha tristeza também não. E mostrar esperança, muito menos.
Mas confesso que me sinto um pouco esperançosa, sim.
Que 2021 seja um ano divisor de águas. Que esse vírus vá embora e nos deixe com menos problemas para nos preocupar. Já bastam as desgraças que se tornaram rotineiras para a sociedade contemporânea, como o aquecimento global e a maldade dos homens e mulheres.